De: Henrique Musashi Ribeiro - Em, 21 de Dezembro de 1999.
Quando estiver preste a partir desta vida
Temerei por meu despreparo
E por fazer minha ausência doer no peito
Quem me teve por pessoa querida.
Entretanto gostaria de ir numa boa
Sem escândalos, sem desmaios teatrais
Apenas gostaria de ir em paz e à toa,
E que neste dia, dos céus,
caísse apenas uma garoa.
E que esta garoa caísse trazida pelo vento
Molhasse todas as calçadas do antigo casario
realçando lajotões e ladrilhos
dado um ar de cor e divertimento.
E que qualquer amigo se esquecesse
de derramar uma só lágrima
Pelo meu triste-feliz passamento.
Não quero lágrimas neste dia tão bacana
Quero meus amigos por perto
sussurrando coisas da 'Legião Urbana'
Não quero velas e nem um cruz,
Pois não estarei no escuro
e vivo, em minha mente,
estarão os meus Avatares,
Budha e outro a quem chamam Jesus.
Pelo menos neste dia queria um pouco de
sinceridade
Aos que ainda gostarem de mim
sei que deixarei saudade,
E aos que de mim não gostarem,
não chamem de "gente boa"
dando-se a se mesmos ar de bondade
Têm a minha permissão
para que neste dia
me desdenhem com a mesma
ou maior intensidade.
E até queria que dissessem na risada
em meio a zoeira :
- Adeus belo presunto...
Tão irreverente com a morte
nunca temeu tal assunto.
E como último pedido insano
pediu em que sua lapide
uma foto alegre e o epitáfio:
“FRESQUEI FOI MUITO!”
Foi-se... Adeus ao menino homem
das brincadeiras
Tanto que pintou bordou
atrás de tudo que foi bananeira
Agora servido como banquete aos vermes
numa baixela de madeira.

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