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domingo, 2 de agosto de 2009

Passamento!

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P A S S A M E N T O
De: Henrique Musashi Ribeiro - Em, 21 de Dezembro de 1999.

Quando estiver preste a partir desta vida
Temerei por meu despreparo
E por fazer minha ausência doer no peito
Quem me teve por pessoa querida.

Entretanto gostaria de ir numa boa
Sem escândalos, sem desmaios teatrais
Apenas gostaria de ir em paz e à toa,
E que neste dia, dos céus,
caísse apenas uma garoa.

E que esta garoa caísse trazida pelo vento
Molhasse todas as calçadas do antigo casario
realçando lajotões e ladrilhos
dado um ar de cor e divertimento.
E que qualquer amigo se esquecesse
de derramar uma só lágrima
Pelo meu triste-feliz passamento.

Não quero lágrimas neste dia tão bacana
Quero meus amigos por perto
sussurrando coisas da 'Legião Urbana'
Não quero velas e nem um cruz,
Pois não estarei no escuro
e vivo, em minha mente,
estarão os meus Avatares,
Budha e outro a quem chamam Jesus.

Pelo menos neste dia queria um pouco de
sinceridade
Aos que ainda gostarem de mim
sei que deixarei saudade,
E aos que de mim não gostarem,
não chamem de "gente boa"
dando-se a se mesmos ar de bondade
Têm a minha permissão
para que neste dia
me desdenhem com a mesma
ou maior intensidade.

E até queria que dissessem na risada
em meio a zoeira :
- Adeus belo presunto...
Tão irreverente com a morte
nunca temeu tal assunto.
E como último pedido insano
pediu em que sua lapide
uma foto alegre e o epitáfio:
“FRESQUEI FOI MUITO!”
Foi-se... Adeus ao menino homem
das brincadeiras
Tanto que pintou bordou
atrás de tudo que foi bananeira
Agora servido como banquete aos vermes
numa baixela de madeira.


O SENHOR DAS MÁSCARAS

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O SENHOR DAS MÁSCARAS
Texto de: Henrique Musashi Ribeiro - Em, 1/12/2001.


O Senhor das Máscaras, considerado por muitos como fidalgo e irrepreensível homem de grande respeito e caráter ilibado, embora fosse um homem que nunca se tinha visto o verdadeiro rosto, pois trazia consigo uma sacola de veludo vermelho repleta de máscaras de fino trato. Ele mudava as máscaras estrategicamente, trocava de acordo com a conversa e companhia.
A burguesia achava aquilo muito chic:
- "Ele deve ser muito rico... Tem uma cara... digo, máscara para cada ocasião."
Quando em companhia do ‘Senhor da Guerra’, botava sua ‘Máscara de Samurai’ e falava durante horas de guerras e bravatas, que nunca havia travado.
Com o ‘Príncipe da Paz’, botava sua mascara de ‘Apóstolo Devoto’, dizia ter devoção ao amor e era inimigo da violência. Já diante dos ‘Senhores da Poesia Realista’, censurava os românticos e dizia que a paz e o amor era uma tola utopia e que a guerra era para os vândalos e burros. E assim ia de mesa em mesa.  
Gabava-se ao seu discípulo, qual ele nem se esforçava lembrar o nome:
- “Garoto, está vendo como sou querido?” Dizia ao rapaz silencioso e de olhos arregalados – “E quem sabe um dia você também consiga ser como eu.”
Parolando, mentindo, bajulando dizendo o que as pessoas gostariam de ouvir. Essa era a receita daquele suposto lorde. Dessa forma ele percorreria, ileso, por entre as fileiras de tantas cabeças e partidos diferentes. E dizia a seu jovem discípulo:
- “Agradando a todos... É assim que se logra  pessoas e o mundo.”
Mas qual era a verdadeira personalidade do Senhor das Máscaras? Ninguém sabia a resposta para esta questão
Um dia fora anunciado ‘o grande debate das confrarias’, onde o grupo vencedor receberia todas as honrarias, no período de 1 ano, em todos os reinos. Aquilo se podia dizer que era o acontecimento mais esperado por todos. As pessoas já olhavam os cartazes e já imaginavam a roupa nova que iriam fazer para aquela ocasião que ocorreria em uma semana.
Como previsto o Lorde Mascarado, fora convidado, em momentos diferentes, como padrinho e ‘grande apoiador’ de cada uma daquelas confrarias. Ele, muito cheio de pernas e cego pela vaidade, disse a cada um dos representantes, que estava muito honrado pelo convite e que defenderia a causa com toda força de seu intelecto.
Quando se deu conta do que havia feito, que não poderia se comprometer com todas as causas, pois todas eram rivais. E agora o que faria?
A semana passou rápida e chegando o grande dia já estavam à mesma mesa os ‘Poetas realistas’, o ‘Príncipe da Paz’ e o ‘Senhor da Guerra’. E cada um dos temidos senhores do mundo contava, em particular, com a refinada colaboração do Mascarado, para ganhar o maior de todos os debates.
E agora o que o Senhor das Máscaras faria?
Tão empolgado e envaidecido com tantas honras, ele se esqueceu que só poderia usar uma máscara de cada vez. E agora? 
O Senhor das Mascaras simplesmente não compareceu. E sendo descoberto o seu plano de popularidade, foi dado como um covarde e mentiroso em todos os reinos, que, sem saber, haviam convidado o mesmo homem para apadrinhar suas causas.
Depois de percebida a sua covardia e falsidade. O Lorde escondera todas suas máscaras e dessa forma não pode nunca mais em sua vida e em nenhum reino mostrar qual era a sua "cara".
O único que realmente viu a sua verdadeira face fora o seu discípulo quando o desmascarou:
- "Não és um mestre e nem coisa alguma. És apenas mais um dos piores alunos da vida, pois que ainda não aprendeste dela uma de suas mais simples e importantes lições. Só tinha que ser autêntico, só bastava tu ser tu mesmo, mas acho que nem tu mesmo sabes quem tu és." 
- "Ousas falar assim comigo?" Retrucou o mascarado.
- "Cala-te, pois não passa de um coitado.." Disse seu discípulo antes de virar-lhes as costas e o abandonar.
E por final, orgulhoso, colocou a sua última máscara, que daí por diante o acompanhou até o fim de sua vida, a máscara de Palhaço Solitário e Triste.  

Sou Nordestino

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S O U   N O R D E S T I N O

De:  Henrique Musashi Ribeiro - Em, 3 de Dezembro de 1996.

Sou nordestino,
mas moro aqui desde menino
cresci vendo meu pai,
de mãos calejadas, me sustentando na base enxada
deu quase tudo que eu queria,
que não era muito,
e se não pode eu entedia,
pois bem sei como sofria esse valente sonhador

Sim, ele sonhava,
mas não era com um grande apartamento
nem com uma sela nova pro jumento
Ele só queria me dá escola,
que eu tivesse algum conhecimento
pra que eu não passasse pelo mesmo sofrimento
Que é a lida de quem a terra cultiva
Dando o suor,
o sangue
o tempo e a vida.
Porque a recompensa é a ferida magoada
A roupa rasgada e ensopada,
mas é do suor de um herói trabalhador.

E como tens coragem de vir colocar defeito?
Pois isso aqui tem que ser feito!
Fazer da terra o pão brotar
Ser nordestino não foi escolha foi destino
Temos a mistura do sangue de tanta raça boa
e se estou em terra estranha não é atoa
Se estive ou estou aqui é pra melhorar

Dizem que temos sangue de índio preguiçoso,
De índio só temos o corajoso
Que pega a onça pelos bigodes,
enquanto ela tenta o abocanhar
Na cidade grande não é muito diferente
na selva de pedra ainda morre mais gente,
pois quem mata não é a onça com fome
ai quem mata é ganância do bicho homem.
E ainda tu vens criticando a gente!?
Agora me responda existe povo mais valente?
E se disser que tem está mentindo...
É de te mesmo, cabra besta, estarás rindo
Somos brancos, negros, índios ou caboclos
Sim somos de tudo um pouco
Vida na cidade é vida de louco
Fazemos de tudo pôr tão pouco
E vem tu e chama de “paraíba”,
“cabeça chata”, “baiano”
“mané” e “joão-ninguém”
Sei que a gente nada tem...
E me joga na cara
Que “Sampa é terra de gente ativa”
Que “Sampa é igual locomotiva”,
Mas te digo:
- Desta máquina...
O NORDESTINO É O MAQUINISTA 
O CONDUTOR.