PROSA PÉRFIDA
De: Henrique Musashi Ribeiro - Em, outubro de 2002
Ela tinha apele e os olhos negros
Olhos mais escuros que a pele
Que diziam, hipnóticos, a minha mente
- Possua-me!
Olhos lascivos que não acalmavam,
Mas eram provocantes e amotinados
Juntamente com os seus lábios, mãos e língua
Transformar o que é plácido
Em lábios que se mordem e olhos serrados
Até conseguir ser, prazerosamente,
a própria vitima de sua caça.
E seu sorriso cínico se plasmou em angústia
Urros e gemidos instigantes...
Assim a caça apenas parecia ser o carrasco
Enganando-me pelos ouvidos,
Pelos queixumes daquela que parecia ser sobrepujada
sobre ela
Como um leão faminto,
Que apenas bebia de seus lábios
Aquele efêmero momento que seria eterno por minutos,
Até a explosão dos caldos da alegria...
Depois de tudo
O leão passou a ser o cão manso e encoleirado
E os lábios da negra então acalmavam
Enquanto escondia no coração
Um punhal de dor e traição
Por mais que algo dissesse nas entrelinhas
- Fica calmo, confia!?
Quero apunhalar-te pelas costas
e com a mesma estocada acertar o teu coração.
E só assim pude entender
o que dissera um profeta judeu
sobre sua descoberta
de algo mais amargo que a morte.
* * *
* "Então descobri algo mais amarga do que a morte, a mulher que é uma armadilha, o seu coração é uma rede e os seus braços são cadeias. Quem agrada a Deus consegue dela escapar, mas o pecador se deixa prender por ela."
- Eclesiastes 7:26